O Mosaico de Conversas procurou influenciadores digitais bissexuais para abordar com mais detalhes o universo de criação de conteúdo para a sigla. Em recente e inédita pesquisa da agência, foi possível mapear que a parcela de creators bi ativos no mercado de influência é em torno de 15,1% e nossos convidados, Klébio Damas e Katú Mirim detalharam melhor seu processo de trabalho para a gente. Vamos conferir?
Sair do armário com um público já construído
Klébio Damas começou a ganhar destaque como criador de conteúdo através da literatura. Em 2014, ele criou seu canal no YouTube para poder discutir sobre os livros que lia com outras pessoas e a partir desse momento, foi ganhando seguidores e admiradores.
O influenciador digital construiu uma comunidade muito grande (chamados carinhosamente de Gnomos) que garante sempre um grande engajamento no perfil dele e em seu canal Mundo Paralelo. É um público muito ativo, que admira o posicionamento de Klebio e está junto do creator em todas as suas mudanças, apoiando-o fortemente.
Com o tempo, o criador de conteúdo foi diversificando seus assuntos e também crescendo junto, até que chegou a hora de assumir sua bissexualidade com o público em geral. Klébio conta que este processo foi bem gradual, já que recebeu muitos comentários de pessoas que mencionaram já saber e outras que realmente ficaram surpresas com a declaração. “A galera estava mais aberta a isso, então não tive um grande problema. Eu acho que o maior problema mesmo, na questão de conteúdo, foi eu mudar o assunto do que eu falava”, relata.
Ponte para a visibilidade indígena
Mãe, moradora da periferia e rapper, Katú diz que seu conteúdo surgiu justamente pela falta de conteúdo. “Então vamos dizer que eu fui obrigada a ser influencer. Eu fui obrigada a criar um conteúdo porque as pessoas me traziam tantas pergunta que eu falei ‘Caramba, eu preciso criar uma página pra falar só dos artistas indígenas, da arte indígena contemporânea e tradicional’, para quando a pessoa vir até mim eu falar ‘Siga essa página’”, relata.
Bissexual e indígena, a influenciadora encontrou um vácuo de informações sobre o tema e a partir daí, criou canais para unir esta comunidade que não conseguia se encontrar anteriormente. Como possui uma filha, entende de forma mais profunda os impactos da influência do mundo em uma pessoa. Por isso, por conversar com um nicho bem específico, Katú toma muito cuidado com tudo que publica e menciona que para ela, o trabalho de influenciadora digital não tem muito glamour e sim, grandes responsabilidades.
Katú Mirim conta que suas redes sociais são espaços para unificar o coletivo e para dar voz aos seus principais posicionamentos. Contudo, a creator também mostra uma preocupação na produção de conteúdo importante a ser destacada, ela diz “Então se eu sei que tem pessoas influenciadas por mim, eu tenho que ficar o tempo todo, ‘Aí, não posso falar isso, eu não posso fazer aquilo’ e eu não tenho vida, não é glamouroso isso.” O ponto de vista da criadora de conteúdo é extremamente profissional, já que ela pondera perfeitamente tudo que pode ser dito nas suas redes. Além disso, ela complementa “Às vezes, eu gostaria de ir no meu instagram e fazer um babado, fazer uma coisa louca e você não pode, então pra mim não tem glamour nenhum.”.
Sobre ser bissexual no Brasil
Katú e Klébio possuem visões semelhantes sobre ser bissexual ou ser pertencente ao movimento LGBTQIA+ no Brasil hoje, ambos acreditam que é uma luta diária que requer muita resistência. Klébio menciona que pode facilmente ser invisibilizado “Quando você está no meio hétero, por exemplo, se eu estou tendo um relacionamento hétero, eu – Klébio – no caso sou um homem cis, ficando com a menina, as pessoas me tratam como hétero, se eu ficar com menino me chamam como gay e você fica nessa coisa ali”, relata.
Katú conta que dentro do próprio movimento LGBTQIA+ falta um pouco de respeito e compreensão entre as siglas. Ela menciona que assim que se assumiu bissexual, ouvia muitas piadinhas. “Eu lembro que as pessoas falavam `Você é libriana, libriano não sabe o que quer`”, relata. Segundo recente pesquisa realizada pela Mosaico, somente o número de influenciadores digitais bissexuais representa 15,1% de todo o universo da sigla LGBTQIA+ no país, logo, é mais do que o momento de falar sobre pluralidade e respeito com outras orientações sexuais e gêneros.
Momento bate-bola com os entrevistados
Um dos momentos mais esperados da entrevista são as perguntas bate-bola, onde o influenciador deve responder rapidamente, com a primeira palavra que lhe vem à mente. Klébio e Katú entraram no clima. Siga lendo e confira as principais respostas deles:
Com Klébio Damas
Mosaico: Ser influente é?
Klébio: Ser responsável. Acho que ser responsável. Entender qual é o trabalho, o que você está fazendo na internet. Ser influente e influenciador vai muito além do seguidor, como o público te enxerga.
Mosaico: Meu Mundo Paralelo é aquele quê…?
Klébio: Meu mundo paralelo é aquele que está sempre numa boa. É porque eu acho que eu, Klébio, tenho muito uma vibe de “para mim tudo bem“, não tudo bem em relação ao conforto. Eu não sou uma pessoa que gosta de falar mal dos outros, eu não gosto de gente tóxica, eu não gosto de nada que é tóxico, então eu fico “Gente ,tá tudo bem. Tá tudo bem sempre“, sabe.
Mosaico: Meu próximo passo como creator de sucesso será…?
Klébio: Meu próximo passo é começar a mostrar ainda mais minha vida, sabe. Como eu falei aqui no começo, eu tenho muito essa questão de trazer o entretenimento para as pessoas. Eu gosto de divertir, eu não me acho um humorista.. Eu acho que as pessoas se entretêm, elas saem da realidade um pouquinho e vão consumir algum conteúdo. E hoje em dia eu quero muito mostrar quem eu sou de verdade. Eu acho que nesse período, eu fiquei muito trazendo informação e tal, e agora eu estou em um período que eu quero que as pessoas conheçam 100% do Klébio.
Com Katú Mirim
Mosaico: Resistência é?
Katú: Resistência é não desistir!
Mosaico: Empoderar é?
Katú: Não se calar para as opressões, não se calar por medo. Quando a gente está falando sobre marcas, eu vejo as pessoas que pegam jobs e percebo que está faltando alguém ali, por exemplo, está faltando um negro, um indígena, um LGBT e as pessoas não falam porque têm medo de perder aquele job. As pessoas tem medo de falar uma coisa que vai fazer uma mudança total, assim. Então não se calar, o não se calar é empoderar.
Mosaico: O Rap para mim é?
Katú: Salvação.
Mosaico: Ser indígena hoje no Brasil é:
Katú: A mesma coisa que 1500. É Resistir. É ser alvo, é ser resistência, é ser o poder, a mesma coisa desde antes de Cabral chegar aqui no rolê é a mesma coisa.
Mosaico: Uma marca que eu admiro?
Katú: Eu admiro a TNT. Justamente por que ela apoiou quando a gente precisou pra um festival de música. E eu também sou uma pessoa muito emotiva e a TNT me mandou bolinhas de Natal com a minha foto e mensagens. Eles são muito carinhosos. Quando eu abri a caixinha com as bolinhas com as minhas fotos, eu chorei igual um bebê. Então essas marcas que lembram da gente viraram meus best friends.
O que é o Mosaico de Conversas?
O Mosaico de Conversas é um conteúdo editorial exclusivo da agência Mosaico. A proposta é criar um bate-papo com influenciadores digitais, especialistas e profissionais do mercado de comunicação, com ênfase em marketing de influência.
Gostou do bate-papo que tivemos com a Katú e o Klébio? Não esqueça que você pode rever essa entrevista diretamente no nosso IGTV. Aproveita e deixa seu comentário lá e aqui também, vamos unir nossas vozes para dar mais visibilidade ao movimento.
Escrito Por: Marcela Barbosa