Em 2020 fizemos nossa primeira pesquisa direcionada aos criadores de conteúdo e influenciadores LGBTQIA+ no Brasil, a fim de reunir informações sobre esse grupo ao mercado de influência. O resultado não foi muito positivo, visto que há muita desigualdade também entre as siglas.
Nesse ano decidimos segmentar um pouco mais essa pesquisa e trazer o foco para creators Trans. Assim como na análise anterior, buscamos saber mais sobre o universo da sigla T. Para isso, contamos com o apoio da TransEmpregos e da YouPix.
O primeiro passo foi fazer um mapeamento de influenciadores trans para termos uma dimensão de nosso universo. Esse mapeamento também nos auxiliaria no envio de directs para que o pessoal participasse da pesquisa, que ficou disponível para coleta de dados entre os dias 1 e 21 de junho. Ao todo, conseguimos 189 respostas concentradas na idade entre 18 e 35 anos 86,8%, são moradores principalmente do Estado de São Paulo 33,9%, Rio de Janeiro 15,3%, Minas Gerais 5,8% e Bahia 5,3%.
A amostra foi composta por 41,3% de homens trans, 39,1% de mulheres trans, 15,9% travestis e 13,2% não binárie. A pergunta sobre identidade de gênero foi de múltipla escolha, tendo no grupo, pessoas que se identificam tanto como homem trans quanto gênero fluíde e não binárie, quanto mulher trans e travesti. Relacionado à orientação sexual, 45% são heterossexuais, 23,8% bissexual, 19% Pansexual e 6,9% Gay.
Referente a raça, seguindo as bases estabelecidas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a amostra se denominou 48,7% branca, 25,4% parda e 22,8% negra. Do grupo, 64% são solteires, 20,6% estão namorando e 9% são casades.
A maior parte dos respondentes são composta por nano influenciadores, que possuem menos de 10 mil seguidores, 42,3%. Micro (de 10 a 100K) 21,7% e Meso (de 100k -500k) – 3,7%. Mega Influenciadores (acima de 1M): 0,5%.
Quando o assunto é produção de conteúdo, numa questão de múltipla resposta, 14,3% dizem que não possuem um tema específico. Entretanto, os 38,1% abordam assuntos sobre gênero e sexualidade e 36,5% assuntos relacionados com a cultura e história LGBTQIA+, fato que se associa ao motivo que os levou a serem influenciadores digitais, como uma forma de mostrar a sua trajetória e fornecer visibilidade ao universo. Outros assuntos que também entram na pauta desse grupo é assuntos relacionados com beleza 28,1%, Arte 27% e Entretenimento 24,4%.
Um ponto importante de se destacar é frequência que esse grupo realizou trabalhos como influencers. 45,5% respondeu não ter feito nenhum trabalho como influencer nos últimos 6 meses, enquanto 11,1% fez 1 trabalho. Esse dado destaca o esquecimento da comunidade trans fora do Mês do Orgulho LGBTQIA+.
36,6% do creators que responderam a pesquisa disseram ser mais procurados por empresas durante o Mês do Orgulho LGBTQIA+.
Isso ressalta como as marcas ignoram a existência dessa comunidade nos outros períodos do ano e acabam inviabilizando essas pessoas!
57,6% responderam que o valor do cachê é importante ou muito importante na hora de fechar um trabalho.
Já sobre a forma de abordagem das marcas quase 35% respondeu considerar importante na hora de aceitar um trabalho
Mais da metade dos creators trans respondentes da pesquisa acham muito importante que as marcas se posicionam e não acham muito importante a fama dessas empresas.
Quando uma marca se posiciona ela mostra que seu apoio é genuíno e não uma estratégia que visa apenas lucros.
Pesquisa supervisionada e também integrante do projeto de pesquisa da Profa. Dra. Yhevelin Guerin, vinculada à Universidade de Santa Cruz do Sul e intitulada “Influenciadores digitais, empoderamento social e posicionamento de marca.