Estar dentro de realities shows podem ser o sonho de muita gente, contudo, poucos entendem o impacto de estar em evidência na mídia, principalmente se você fizer parte do universo LGBTQIA+, e pertencer a siglas não muito conhecidas dentro do movimento. No Mosaico de Conversas que fecha nossa maratona em homenagem ao mês do orgulho LGBT, tivemos o prazer de receber os influenciadores digitais Victor Hugo e Raphael Dumaresq. Siga lendo e confira como foi nossa conversa.
Queer: Entenda o significado da sigla com Dumaresq.
O significado da expressão Queer está em mutação e em busca de um futuro cheio de representatividade, já que no passado o seu uso era feito de forma pejorativa, como se fosse uma maneira de chamar outra pessoa de “esquisita” ou “estranha”. Adotado e ressignificado pela comunidade LGBTQIA+, o termo Queer ganhou espaço e um leque muito grande de significados. Pode se encaixar dentro da expressão, pessoas que, por exemplo:
- Não seja heterossexual, nem se sinta representado pelas outras siglas;
- Trabalhe com expressão política, ajudando ou sendo ONGS e grupos ativistas;
- Pessoas que fogem de normativas e não se encaixam em padrões vigentes;
- Se sentir abraçado pelo conceito livre da frase “ser o que quiser”.
Basicamente, ser Queer é pertencer a comunidade mas sem priorizar uma letra ao invés de outra. Nosso super entrevistado, Raphael Dumaresq, ex-participante do reality The Circle Brasil, afirma que “O conceito Queer é você se auto reconhecer, é você se auto representar e respeitar que você é quem você é, o indivíduo que você é”. O influenciador digital também complementa ao explicar que em teoria, o termo Queer fala muito sobre gostos bem particulares, de jeitos de ser e agir muito individuais e únicos, que não precisam seguir padrões heteronormativos. Em resumo, ele explica: “Não precisa seguir padrões ou se encaixar, o queer é muito fluído mesmo, ele vai e ele é. É mais sobre o que ele é.”, relata.

Uma pessoa Queer não precisa se identificar como tal, basta sentir-se daquela forma. Essa questão vai muito além da identidade de gênero e orientação sexual, e abre um espaço bem importante para o autoconhecimento. Dumaresq, que também é produtor cultural, DJ, performer e colunista, falou sobre a procura por entender quem somos: “a primeira angústia da vida é “Eu não sei o que eu sou” a gente começa a procurar sabendo o que a gente quer ser, aí vem a questão da profissão, a questão do relacionamento, vem diversas questões. Até que ponto a pergunta “Quem você é? “ou a resposta de “Quem eu sou?”, é necessária para a gente ser, apenas ser, sabe?”, afirma o produtor natural de Natal, Rio Grande do Norte.
Precisamos normalizar a assexualização: com a voz, Victor Hugo
Em um país hipersexualizado como o Brasil, ser assexual é sofrer o dobro de preconceito. Entender que é possível amar sem sentir prazer sexual, desejar um corpo ou mandar um famoso “nudes” pode ser visto como uma coisa anormal. Essa questão faz com que certas pessoas preconceituosas considerem os representantes dessa sigla pessoas doentes – o que nos leva a anos e anos de recessão quando o assunto é representatividade da comunidade LGBTQIA+.
Victor Hugo, roteirista, psicólogo e ex-participante do BBB 20 soltou o verbo e contou na nossa conversa o que é ter uma personalidade assexual e também como ele sofreu os impactos de assumir quem era dentro da casa mais vigiada do Brasil.
O influenciador conta os pontos positivos de ser assexual. “Significa que você é uma pessoa muito desenrolada, que você é uma pessoa muito feliz, muito alegre sozinha, mas não necessariamente que você passará a vida inteira sozinha. Você também pode encontrar um grande amor e ser muito feliz junto, então é muito legal.”, relata Victor que também aborda que, sobre ser assexual, a única coisa negativa é o preconceito e a falta de entendimento da maior parte das pessoas que o amor pode não estar baseado no sexo.
Ser assexual, então, é não (ou ter muito pouca) atração sexual. Nosso super ex-BBB, simpático e cheio de energia, Victor Hugo conta que infelizmente, mesmo dentro do movimento, o orgulho ACE (como os assexuais costumam se identificar) é algo muito solitário, já que dentro da comunidade ainda existe certa estranheza devido a sua orientação.
O criador de conteúdo relata “Enquanto todo mundo festeja, o quanto é legal viver a liberdade de ser quem é, quando chega a data do Orgulho LGBT, a gente se sente muito mais triste, porque a gente ainda não consegue comemorar. Muitas vezes as próprias pessoas da comunidade LGBT achavam que eu era gay, que eu era enrustido e que eu não queria dizer que eu era gay dentro da casa, por ter achado que eu tinha me apaixonado.”. Victor Hugo fala que por conta da falta de entendimento ou dos haters, sentiu-se prejudicado dentro do reality por ter demonstrado sua orientação. “O discurso do assexual é sempre visto como uma mentira e não é só comigo que aconteceu. As pessoas me olhavam lá na casa e falavam ‘Mentira, isso não é verdade. Ele é falso’”, desabafa.
Um novo universo: a criação de conteúdo como um trabalho
Agora, influenciadores digitais, Dumaresq e Victor Hugo estão em busca de oportunidades para darem mais voz às suas siglas e também para aproveitarem a chance que ganharam com tanta visibilidade graças aos realities The Circle Brasil e Big Brother Brasil. Com a pandemia do corona vírus, eles sentem falta do calor humano que o reconhecimento poderia oferecer: como abraços, um maior contato com seus seguidores e muito amor espalhado.
Já super ciente dos desejos e do comportamento do seu público, Dumaresq conta como está sendo a aproximação das marcas com ele: “Tem muita marca chegando para mim porque elas me querem mesmo, ‘Dumaresq eu gosto do seu perfil. Eu gosto de tudo o que você fala, pra quem você fala. Eu acho que a nossa marca tem tudo a ver com você’. Eu gosto de fazer trabalhos assim, principalmente quando a marca tem tudo a ver. Não adianta eu chegar aqui e vender pros meus seguidores uma chuteira de futebol, ”Gente eu trouxe pra vocês uma chuteira de futebol, maravilhosa que vocês vão amar”, o povo vai ficar assim, “Oi? Futebol?”, eu nem jogo futebol.”, conta para o Mosaico de Conversas.
Contudo, Victor Hugo já relata que não recebe tantas propostas e tenta restringir também os convites a área de saúde – sua especialidade – e agora ao segmento de moda, espaço em que está se descobrindo. Quanto a abordagem, o influenciador digital conta que “Em geral, não recebo tantas propostas de publis de produtos. O que mais acontece em relação a marcas é me chamarem para conversar sobre um assunto, pra falar sobre alguma coisa do tipo.” menciona.
Ambos possuem muitos planos pós-pandemia para abraçar e estão super abertos a troca de ideias e criação de networkings.
Momento bate-bola com os entrevistados
A gente amaaaaaaaaa muito os momentos bate-bola do Mosaico de Conversas. Essa é a hora onde o influenciador deve responder rapidamente, com a primeira palavra que lhe vem à mente. Dumaresq e Victor deram ótimas respostas e você pode conferir as principais logo abaixo.
Mosaico: Close é?
Raphael Damaresq: Close é o estágio do corre que fez sucesso, porque toda vez que você tá vendo o nosso close, a gente fez um corre pra chegar ali. Quando aquela bicha gata fizer um corre muito babadeiro, o close é o estágio mais brilhante e glorioso do corre.
Mosaico: Influenciar, é?
Raphael Damaresq: Influenciar é política, é você trazer pessoas para perto de um pensamento que você acredita. Por isso que é tão perigoso ser influenciador e é tão perigoso pra que influenciador a gente vai dar ouvidos. Preste atenção, minha gente, pelo amor de Deus.
Mosaico: E ser viado nordestino no Brasil é?
Raphael Damaresq: Ser viado nordestino no Brasil, é você saber que não vai ser fácil mesmo, são poucas as que conseguem ser 100% quem é, ou ser 100% aquilo que a vida preparou pra ela, sabe, isso me dói muito, muito mesmo. Ser viado nordestino é ser forte, forte mesmo, forte pra caralho, muito forte, muito afrontosa, afrontosa mesmo. São vivências básicas para sobreviver.
Mosaico: Ser assexual no Brasil é?
Victor Hugo: Um porre (risos). É você ter certeza que vai ter que passar dez minutos explicando vários detalhes e tirando dúvidas das pessoas, mas tá tudo bem, faz parte. É uma luta, é uma luta que a gente constrói todos os dias.

Mosaico: Eu tenho orgulho de?
Victor Hugo: De não ter me calado. Muita gente falou assim “Victor, não fala que você é assexual”. Quase todo mundo me disse isso. Isso vai te prejudicar muito no jogo. Então talvez se eu tivesse ficado calado, eu seria o gay da edição. Mas enfim, entrei com muito orgulho de ser quem eu sou e não me calar.
Mosaico: Sexo é?
Victor Hugo: Escolha.
O que é o Mosaico de Conversas?
O Mosaico de Conversas é um conteúdo editorial exclusivo da agência Mosaico. A proposta é criar um bate-papo com influenciadores digitais, especialistas e profissionais do mercado de comunicação, com ênfase em marketing de influência.
Nossos bate-papos exclusivos para o mês do orgulho LGBTQIA+ chegaram ao fim nesse ano, contudo, a representatividade segue todos os dias nas nossas redes sociais. Você pode conferir na íntegra nosso super bate-papo com Raphael e Victor Hugo acessando esse link, além, é claro, de poder prestigiar todos que já passaram pelo Mosaico de Conversas. Deixe seu comentário e conta para a gente o que você achou desses conteúdos.